sexta-feira, 16 de outubro de 2009




Um dia... – santa ingenuidade! – despertei para a vida... social.Acreditei que uma palavra e uma vontade lançariam de novo o “fiat" do mundo, com a resurreição das almas, integrando-se em si mesmas mediante a educação da infancia.Mas, o sonho foi desfeito pela propria escola da vida que nos tritura com dolorosas experiencias anotadas no livro aberto de cada dia.A escola asfixia... distribue diplomas de eunucos mentaes. Os educadores de todos os crédos, cada qual se julga o detentor da verdade.Depois... – que candura! supús que as verdadeiras élites, as elites do sentimento e da razão modelariam o mundo nos dedos esguios dos sonhos infinitos de renovação social, na espiral que vae á eternidade através do perpetuo vir-a ser.
Incendiei-me de entuziasmo e minha voz humilde, valente e sincera veio unir-se ao côro sobrehumano dos Prometeus acorrentados ao Cáucaso fatal da sociedade moraliteista e legalmente organizada.Ingenuidade infantil!E os sem-patria?...E os indesejaveis?
Todo o castelo gigantesco desmoronou-se ao sopro do vendaval do conhecimento; os poderes organzados afogam, assaltam, violam, sufocam, dominam – pela força ou pela tirania, pela cátedra ou através do púlpito, pelo dinheiro ou pelas armas – os grandes, os nobres, os fortes, os generosos.E vi rebeldes e revolucionarios pretendendo revolucionar o mundo, sem olhar dentro de si mesmos...Tudo inutil...
Então, observei em torno de mim, buscando a causa do problema milenar de lesa-felicidade humana.E vi transatlanticos, submarinos, aviões, o carvão, o petroleo, maquinas sem conta, toda a ciência e todo o progresso material, emfim todo o bem estar da civilização esmagando o genero humano.E vi revolucionarios prégando como apostolos depois de oito horas de trabalho nos arsenaes de guerra... E ouvi palavras lindas e vi ações aviltantes...E vi o servilismo, a hipocrisia, o autoritarismo dos que clamam pela liberdade. Todos querem dominar.E vi operarios fabricando as armas para abrir o ventre dos seus filhos ou dos seus
E vi operarios fabricando as armas para abrir o ventre dos seus filhos ou dos seus irmãos.E falando de Paz e Fraternidade...E busquei a felicidade dentro de mim mesma.Inutil é lutar fóra de mim!A renovação está dentro do meu Ser.Por isso, procuro iluminar minha’alma com a bondade. Por isso, desertei deste imenso mercado de conciencias que é a sociedade com a sua guia voraz e sua espetaculosa teatralidade de tartufismo gran-guinnolesco em todas as classes sociaes.
E consegui sorrir sem racôr ante a ignorancia cultivada, deante da perversidade organizada.E, por ultimo, descobri, através de uma rebelião latente, a dolorosa alegria de viver, a alegria amargurada de evadir-me de todos os detetives sociaes e comungar com a Natureza, em harmonia comigo mesma. E consegui viver momentos de felicidade interior, silenciosa, estoica.E então, dentro de mim, senti um deus que sonha e canta e soluça e vibra um sonho eterno de devenir, numa dolente nostalgia e no anhelo perene de outros planos de evolução, de outros estagios de consciencia – engendrados em meu proprio cerebro pelo desejo, matriz de todas as cousas e de todas as formas – na ascenção para alturas incacessiveis...
E vi sorrir a Cristo, grande, estoico... E vi, nimbado de Amor, a Epiteto...E, nas criptas profundas de meu ser, uma voz falou a voz da sabedoria de Epicteto e da Fraternidade de Cristo.E tres luzes vi nos caminhos da minha conciencia: Han Ryner, Mahatma Gandhi e Krishnamurti.Conhecer-me.Realizar-me.Resistir ao mal com o bem.Não cooperar com a civilização da ciência sem conciencia.Renascer de mim mesma através do “individualismo da vontade de Harmonia”.Para aprender a amar.Porque:Só para amar foi feita a Vida. "

Maria Lacerda de Moura

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