terça-feira, 3 de novembro de 2009

Eu,vc seu amigo em um texto só ....por irmão unirconio

Julien foi um jovem rapaz que gostou de amoras e comeu ameixas nos vales abandonados dos sem fim.Era desses rapazes que gostavam o abandono, freqüentavam casas empoleiradas e apreciavam a escuridão.Julien se agradava de coisas velhas, abençoava a imperfeição...
Foi num dia como esse em que ele se perdeu.Seguiu o rumo das montanhas proibidas e de lá não mais voltou.Mas antes de relatar esse ''terrível" incidente ( ou acidente, se assim preferir ) vamos contar o conto de como lhe surgiu a vontade de se perder.Ora pois, é evidente que ninguém se perde assim, sem vontade nenhuminha de faze-lo.É dito nessas esquinas que ninguém desafia o perigo sem, no fundo, no fundinho, desejá-lo, nem que seja um tiquinho de nada.
Pois bem, Julien se perdeu nas montanhas no ano passado, mas foi beeeeem antes que sua alegria espontânea se esvaiu.Isso porque ele nunca se seduziu pelas cores coloridas que serelepeavam pelos glóbulos oculares dos que passam por aí.Uma simples questão de gosto, que seus amigos desgostosos teimavam em catalogar como uma transgressora questão de caráter.
Por isso, o pobre Julien, submeteu-se, involuntariamente (que fique bem dito) à solidão.Isolando-se daqueles que ignoravam e detestavam sua presença.E, como solidão no coração dos outros é refresco, seus singelos carrascos, achando tudo muito pouco, costumavam encharca-lo com criticas e apelidos bem pedantes, daqueles que não deviam doer nem de levinho, mas que machucam como pedras afiadas que se lançam em direção aos olhos daqueles que não querem ser vistos.E, por isso, Julien se perdeu entre os caminhos tortos de sua alegria, perdendo-se cada vez mais entre os vestígios de sua quimeras e inocências...até que foi chegada a hora de exteriorizar o que sentia por dentro e se embrenhar em meio as montanhas para lá, em meio ao mundo proibido e temido encontrar a paz.
 
E o dia em que ele tomou essa decisão foi mais ou menos assim:
Um dia, enquanto brincava sozinho nas aconchegantes casas abandonas de sua vila, ( e sua vila tinha muitas, uma vez que grande parte da população havia sido dizimada pela peste azul esverdeada há duas gerações atrás) Julien avistou de relance as montanhas proibidas que todos diziam amaldiçoadas e sombrias.Olhou e lembrou-se dessas lendas que acabamos de contar, mas óbviamente que ele se lembrou com detalhes a mais, desses que só os moradores da vila podem especificar com exatidão.
 
E, ao lembrar-se disso, passou a mais atenção prestar.As montanhas eram bonitas, e mais belo seria partir e não mais voltar.Queria o abandono, sentia-se abraçado pelo escuro azul em meio ao mofo incrustado nessas paredes macias dessas casas vazias que paras os transeuntes descrentes não servem mais não. Como se as rachaduras das paredes e a secura dos jardis traduzissem o que havia de mais bonito dentro de si.E alí sentia-se a vontade, como se toda aquela decadência fosse uma pequena extensão de si.O agora imediato, a inevitável degradação do ontem e a vida repercutindo seus ecos no abandono...aquilo fazia muito sentido para Julien...



As montanhas são malignas, aqueles que delas se aproximarem conhecerão sua maldição.É o que diziam, mas existiria maldição pior que sua solidão?Olhando para sua vida, Julien não conseguia pensar em como ela poderia piorar.E existia maior liberdade do que essa?A de não ter medo de ousar uma vez que sua situação não pode piorar?
Por isso Julien se embrenhou nas montanhas, subiu pelas pedras e partiu para o além.Dizem que árvores bonitas lhes desejaram boas vindas e que os sapos dos pântanos disseram amém... 
 
 
 
 


 

Nenhum comentário: